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2024-01-17

Por Rainer Zitelmann

A Oxfam e as Falácias Anti-Ricos

O historiador e sociólogo alemão Rainer Zitelmann responde ao recente relatório da organização internacional Oxfam, que denuncia uma crescente desigualdade entre ricos e pobres e propõe maiores impostos sobre a riqueza como solução para os problemas mundiais.

 

 

Nos últimos dias, os meios de comunicação social têm veiculado as conclusões do mais recente relatório da organização Oxfam sobre as desigualdades de riqueza, segundo o qual a riqueza dos cinco homens mais ricos do mundo mais do que duplicou desde 2020. De acordo com o mesmo relatório, os bilionários a nível mundial estão 3,3 biliões [milhões de milhões] de dólares mais ricos desde então, ao passo que os 60% "mais pobres" (cerca de 5 mil milhões de pessoas) perderam 20 mil milhões de dólares em riqueza durante este período.

Como é óbvio, a Oxfam escolhe os dados que melhor se ajustam à sua tese. O ano de 2020, nomeadamente o mês de março, foi deliberadamente escolhido como ponto de comparação, porque, nessa altura, houve um enorme colapso nos mercados bolsistas mundiais, motivado pela crise do coronavírus. Isto faz com que os ganhos subsequentes dos super-ricos pareçam ainda maiores em comparação. E como o número de pessoas que vivem em pobreza extrema em todo o mundo diminuiu durante o ano passado (o que não se enquadra na sua tese), a Oxfam passa subitamente a utilizar um número de referência completamente diferente, nomeadamente os quase cinco mil milhões de "mais pobres". Porém, este não é o ponto crucial.

O ponto crucial é que a Oxfam sugere que existe uma correlação entre o aumento da riqueza e o aumento da pobreza. Isto faz sentido para a maioria das pessoas que subscrevem a chamada heurística da soma-zero. O poeta comunista Bertolt Brecht exprimiu de forma concisa esta errónea heurística no seu poema "Alfabeto":

"E o pobre disse sem alegrias:
Se eu não fosse pobre, tu rico não serias.”

O problema é que essa visão de soma-zero está errada. De acordo com os dados do Banco Mundial, 29% da população mundial vivia em pobreza extrema no ano 2000, em comparação com os atuais 8,5%. No mesmo período, o número de bilionários aumentou de 470 para 2640, e apenas uma pequena parte deste aumento se deve à inflação.

Os países onde a pobreza mais diminuiu foram aqueles em que o número de bilionários mais aumentou. Em 1981, 88% da população chinesa vivia em condições de pobreza extrema; atualmente, essa percentagem é inferior a 1%. Enquanto isso, o número de bilionários na China aumentou mais do que em qualquer outra parte do mundo, de 0 para 562. Só os Estados Unidos têm mais bilionários do que a China (e, há uns anos, a China chegou mesmo a ultrapassar os Estados Unidos durante algum tempo). A razão para o aumento do número de bilionários e para a diminuição da pobreza é a mesma: crescimento económico em resultado de uma maior liberdade económica.

Quem desejar países sem bilionários não precisa de esperar que eles sejam todos expropriados. Há países sem bilionários em certas partes de África, e há também Cuba ou a Coreia do Norte. Entre os países com um grande número de bilionários contam-se a Suíça e Singapura, ambos com uma elevada percentagem de bilionários. Mas mesmo na muito elogiada Suécia, a proporção de bilionários (em relação à população) é 60% (!) mais elevada do que nos EUA. Embora a Suécia tenha impostos elevados sobre o rendimento, aboliu há uns anos os impostos sobre as heranças, as doações e a riqueza. De acordo com o Índice de Liberdade Económica da Heritage Foundation, a Suécia é atualmente o 10.º país economicamente mais livre (ou seja, mais capitalista) do mundo, enquanto os Estados Unidos ocupam apenas o 25.º lugar.

Ano após ano, a Oxfam tem apresentado "estudos" que levam sempre à exigência de que os ricos sejam mais tributados. Apesar de estes estudos serem metodologicamente muito questionáveis, os meios de comunicação social caem todos os anos na mesma armadilha, muito devido ao habitual ressentimento anti-ricos, que detalhei no meu livro “Os Ricos na Opinião Pública” (The Rich in Public Opinion).

Foi para combater este e outros mitos que decidi publicar em 2022 um outro livro, Em Defesa do Capitalismo: um Antídoto para os Mitos Anticapitalistas, que se encontra editado em Portugal pelo Instituto Mais Liberdade e onde, num dos capítulos, analiso em maior detalhe a acusação de que o capitalismo conduz a uma crescente desigualdade. Esse capítulo está agora disponível gratuitamente, para que mais pessoas possam avaliar criticamente as narrativas da Oxfam e dos anticapitalistas a respeito da desigualdade.


 

Rainer Zitelmann é doutorado em história e em sociologia e é autor de diversos livros, traduzidos em mais de 30 países, entre os quais Em Defesa do Capitalismo: um Antídoto para os Mitos Anticapitalistas, publicado pelo Instituto Mais Liberdade em parceria com a editora Alêtheia. Tradução, adaptação e narração: Pedro Almeida Jorge. Créditos da foto: Jonathan Ernst/Reuters.

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