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A Socialist Empire: The Incas of Peru

Louis Baudin

História, Autoritarismo e Totalitarismo, Economia, Filosofia Política, Direito e Instituições, Socialismo e Comunismo

Inglês

A conquista espanhola do Peru marca uma data crucial, um ponto de viragem na história. Inabaláveis e implacáveis, os dois grandes conceitos de vida em que o mundo estava dividido encontraram-se face a face. De um lado, um povo ebuliente de vida, inquieto, ousado até à precipitação; do outro, um grande império inflexivelmente organizado segundo linhas rígidas. Por um lado, um liberalismo que teria degenerado em anarquia caso não tivesse sido pelo Rei ou pela Igreja; por outro, um socialismo que teria nivelado a existência a uma uniformidade completa e sufocante caso não tivesse sido por uma elite. De um lado, os homens; do outro, um Estado. E o drama da América do Sul começou um drama que continua até aos nossos dias, o drama de duas raças sobrepostas, mas que não se misturam. Esse drama é também aquele a que todos nós estamos a assistir hoje. É o drama em que o Oriente e o Ocidente se confrontam agora um com o outro. A história que evocamos aqui, que parece tão distante de nós, é, de facto, a nossa própria história. É a história em que nós próprios somos os actores. O conflito que lhe diz respeito tornou-se uma das questões mais candentes dos dias de hoje. As duas civilizações, os dois sistemas sociais cujo choque iminente nos enche hoje de ansiedade são os mesmos que se confrontaram no início do século XVI; e sob o impacto da sua violenta colisão, uma delas, o império dos Incas, desmoronou-se.

Quando Louis Baudin escreveu O Império Socialista – Os Incas do Perú (1928), do qual este excerto foi retirado, estaria longe de imaginar que o resultado do confronto entre os dois sistemas podia muito bem ser diferente no século presente. E isto a avaliar pela preponderância crescente, diria mesmo invasiva, que o Estado tem hoje na regulação a todos os níveis – das nossas sociedades. Este facto obriga-nos a repensar não só o ‘drama’ a que Baudin alude neste excerto, como também nos deve levar a ler esta obra com o propósito de desconstruirmos todas as narrativas (sejam elas oficiais ou não) sobre o socialismo. O facto de tantas vozes (oficiais) terem já proclamado o ‘fim do socialismo’ deveria, só por si, fazer soar os sinais de alerta. Esta obra de Baudin tem a particularidade de nos fazer concentrar nas características essenciais do socialismo de Estado e, com isso, permite-nos olhar as narrativas sobre o crepúsculo do socialismo, como uma séria armadilha para toda a humanidade.

«O homem é a única espécie de predador que monta a sua própria armadilha, coloca-lhe o isco e pula nela.» (John Steinbeck)

Fernando Soares

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Em defesa da democracia-liberal.

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