Antígona

Tratando-se de uma das mais antigas, se não a mais antiga das obras conservadas de Sófocles, Antígona (441 ou 442 a. C.) situa-se a meio da carreira literária do tragediógrafo.

Debruça-se sobre temas como:

• Controle Estatal vs. Direitos Individuais, explorando a tensão entre aquele e estes. Creonte, o governante de Tebas, defende a obediência às leis humanas, enquanto Antígona enfatiza leis superiores de dever para com os deuses e a família. Esse conflito reflete debates mais amplos na sociedade sobre o equilíbrio entre a autoridade governamental e as liberdades pessoais.
• Desobediência Civil: Antígona acredita que a lei estatal não é absoluta, e a desobediência civil é justificada em casos extremos. O desafio ao decreto de Creonte sobre o enterro de seu irmão Polinices exemplifica esse tema.
• Cidadania: A decisão de Creonte de deixar Polinices sem sepultura sugere que a traição de Polinices revoga a sua cidadania. A peça levanta questões sobre cidadania com base em direitos legais versus naturais.
• Família: Antígona põe a honra da família à frente das obrigações estatais. O seu compromisso com o enterro do irmão demonstra a importância dos laços e do legado familiares .

Sófocles escreveu durante um período em que os conceitos de autonomia e de autoridade e a definição da família tradicional estavam a mudar. Na Grécia antiga, as familias alargadas constituiam as maiores entidades sociais, políticas e económicas efetivas. No entanto, no século V a.C., estas estruturas sociais estavam a sofrer uma profunda mutação onde o teatro, incluindo tragédias como “Antígona”, desempenhou um papel significativo na formação do discurso público.