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Por onde começar a ler sobre as mulheres na tradição liberal clássica?

Jayme Lemke

Liberalismo no Feminino, Nível Introdutório, Biografias, Liberalismo e Capitalismo, Filosofia Política, Direito e Instituições, Excertos e Ensaios, Direitos Civis e Privacidade

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Há duas questões fundamentais quando se trata de refletir sobre as mulheres na tradição liberal clássica. Em primeiro lugar, qual foi o contributo das mulheres para o liberalismo clássico enquanto corrente de pensamento? Em segundo lugar, o que é que o liberalismo clássico, enquanto sistema ideológico, tem a dizer sobre a questão dos direitos das mulheres?

Recebi recentemente um e-mail a perguntar por onde é que um estudante interessado poderia começar a ler sobre estas questões, por isso decidi elaborar uma breve lista de leituras para quem quiser começar a pensar sobre os direitos das mulheres na tradição liberal clássica.

Para começar de forma fácil e económica, sugiro a coletânea The Essential Women of Liberty do Fraser Institute. Sou um pouco parcial, pois contribuí com o capítulo sobre Elinor Ostrom, mas, de um modo geral, o livro está bem escrito, bem fundamentado e é bastante informativo. Além disso, o facto de ter, no total, menos de 150 páginas e de os capítulos poderem ser descarregados individualmente fazem deste livro um excelente recurso tanto para as salas de aula como para quem procura uma perspetiva geral e abrangente que o ajude a preencher as suas próprias lacunas.

Os primeiros capítulos do livro são uma excelente introdução à "questão das mulheres" no pensamento liberal clássico: será que devemos os mesmos direitos e a mesma consideração a estas criaturas que parecem tão diferentes de "nós" (isto é, dos intelectuais masculinos)? O capítulo de Sylvana Tomaselli sobre Mary Wollstonecraft e o capítulo de David Levy e Sandra Peart sobre Harriet Martineau são particularmente valiosos, dada a importância das contribuições de Wollstonecraft e Martineau face à  atenção que têm recebido. De igual modo, os capítulos sobre Mary Paley Marshall, Rose Director Friedman, Isabel Paterson e Anna Schwartz são excelentes na forma educativa como exploram as contribuições por vezes esquecidas das mulheres para o pensamento económico do século XX.

Em segundo lugar, embora existam muitos textos originais, importantes e valiosos sobre estas questões, há dois textos liberais clássicos pré-século XX que (digo eu) são absolutamente essenciais para o tema dos direitos das mulheres. O primeiro deles é A Vindication of the Rights of Women, de Mary Wollstonecraft. Um tema fundamental a ler no texto de Wollstonecraft é a questão de como o facto de uma pessoa viver em condições de sujeição e de falta de liberdade molda e muda essa pessoa, de como isso tolda o seu potencial de contribuir para o mundo e tornar-se realmente a melhor versão de si própria. Para além da sua perspetiva liberal clássica, Wollstonecraft é considerada uma espécie de mãe do feminismo liberal moderno em geral. Como tal, a sua obra sugere um forte argumento para defender que a emancipação das mulheres encontra uma base sólida na teoria liberal clássica.

O segundo texto essencial dos primórdios deste movimento é The Subjection of Women, de John Stuart Mill. Embora não seja frequentemente rotulado como tal, considero-o importante também como um precursor da abordagem institucionalista às questões dos direitos das mulheres. Mill centra-se na ideia de que as mulheres e os homens têm frequentemente sido governados por diferentes conjuntos de leis e regras, e que isso acabou por moldar naturalmente — mas muitas vezes para pior — as escolhas e o potencial das pessoas de ambos os sexos.

Depois de cobertas estas bases, há toda uma variedade de direções que se podem seguir para prosseguir a investigação sobre as mulheres e o liberalismo clássico ao longo do século XX e até aos nossos dias. Para além dos capítulos em The Essential Women of Liberty sobre autoras mais recentes como Jane Jacobs, Elinor Ostrom e Deirdre McCloskey, Wendy McElroy compilou em 2002 um volume intitulado Liberty for Women: Freedom and Feminism in the Twenty-First Century, que aplica os fundamentos liberais clássicos dos direitos das mulheres a um vasto leque de temas contemporâneos. Além disso, tem-se assistido recentemente a um ressurgimento do interesse por questões relacionadas com a relação entre a liberdade económica e o bem-estar das mulheres, não só por parte de Rosemarie Fike, Chelsea Follett ou eu própria, mas também de um número cada vez maior de outros autores.

Artigo originalmente publicado no site Econlib, um projeto do Liberty Fund.

Jayme Lemke é Associate Director of Academic and Student Programs no Mercatus Center da George Mason University, nos EUA, e Senior Fellow do F.A. Hayek Program for Advanced Study in Philosophy, Politics, and Economics.

Tradução: Anna Schmidt.

Revisão: Pedro Almeida Jorge.

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