2022-10-17
Por +Factos
Hoje celebra-se o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza. Em Portugal, apesar dos progressos feitos ao longo das últimas décadas, o número de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social voltou a crescer nos últimos anos, devido ao impacto da crise pandémica, e atingiu cerca de 22% da população em 2021 (a percentagem mais elevada desde 2017), de acordo com dados do Eurostat. Para além disso, o contexto actual, de subida descontrolada dos preços, poderá fazer aumentar ainda mais esta percentagem ao longo dos próximos anos.
Os números relativos à privação material dos portugueses, ou seja, a não existência de capacidade ou disponibilidade para aceder a alguns bens e serviços básicos são preocupantes. Por exemplo, 31% dos portugueses não tem capacidade para pagar no imediato uma despesa de 500€ sem recorrer a um empréstimo, 16% não tem capacidade para manter a casa aquecida, 5% não tem capacidade para possuir automóvel, 3% não dispõe de internet em casa, 2% não tem disponibilidade para fazer uma refeição de carne/ peixe (ou equivalente vegetariano) de 2 em 2 dias, etc..
No caso da saúde os dados também são preocupantes, uma vez que ser pobre implica ter piores índices de saúde, estar mais limitado em actividades habituais e estar mais propenso a doença crónica ou prolongada. Isso acontece, sobretudo, porque 19% da população em risco de pobreza vive com privação de consultas ou tratamentos médicos, mais do dobro da população em geral (9%). Infere-se daqui que o SNS está a falhar no seu papel de garante do direito de acesso à saúde para todos os cidadãos portugueses, sem excepção, independentemente da sua condição económica e social.
A pobreza é uma das formas mais visíveis da desigualdade e exclusão social. De difícil definição, a pobreza deve ser avaliada conforme a época e o lugar e em correspondência com padrões médios de vida numa sociedade. A pobreza é um conceito relativo, ser pobre em Portugal é diferente de ser pobre, por exemplo, no Brasil. Por esse motivo, a pobreza é um conceito indissociável da qualidade média de vida e das desigualdades económicas e sociais em determinada área geográfica.
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