Dia Mundial do Ambiente | Reciclagem de Resíduos Urbanos

Portugal falhou, por larga margem, as metas nacionais para a prevenção e gestão de resíduos urbanos, acordadas para 2020 com a União Europeia. Os dados mais recentes da Agência Portuguesa do Ambiente, para o ano de 2020, mostram níveis de deposição em aterro ainda muito elevados, e a aumentar, (meta para 2020 era de 35%, mas Portugal ficou-se pelos 53%, acima dos 45% registados em 2019), e níveis de preparação para reciclagem (percentagem de resíduos urbanos que segue para reciclagem) ainda muito reduzidos, também a divergir face às metas estabelecidas (meta para 2020 era de 50% mas Portugal ficou-se pelos 38%, abaixo dos 41% registados em 2019).

Especialistas da ZERO, apontam “um descalabro nas metas de reciclagem que se sonhava atingir não só para os resíduos urbanos, mas também para outros fluxos (lixo eléctrico e electrónico, pilhas e embalagens de pesticidas)”. “Estamos a milhas de distância das metas que vêm aí. Até podemos recuperar alguma coisa em 2022, mas não há sinais de que vamos fazer grandes mudanças. Há muitos anos falamos da importância de adoptarmos sistemas mais eficientes como a recolha selectiva de lixo porta a porta [incluindo resíduos biológicos], e de oferecemos incentivos aos consumidores que reciclam, por exemplo. Os anos passam e nada avança porque não há vontade política”.

Apesar de Portugal ter falhado as metas para 2020, e de estar muito distante de as atingir, os objectivos futuros são ainda mais exigentes. Até 2035 a quantidade de resíduos urbanos depositados em aterro deve ser, no máximo, 10% do total de resíduos urbanos produzidos e a preparação para reutilização e reciclagem deverá subir progressivamente até 65% em 2035 (55% em 2025 e 60% em 2030). Será necessário um enorme esforço para recuperar o atraso que Portugal apresenta nesta matéria e, para que tal aconteça, será imperativa uma maior vontade política das entidades governativas.