Dia Mundial do Ambiente | Reciclagem e reutilização de resíduos urbanos

Portugal falhou, por larga margem, as metas nacionais acordadas para 2020 com a União Europeia, para a prevenção/redução e gestão de resíduos urbanos, e está cada vez mais distante das próximas metas estabelecidas.

Os dados mais recentes da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), para o ano de 2021, mostram níveis de preparação para reciclagem muito reduzidos face às metas estabelecidas (meta para 2020 era de 50%, mas Portugal ficou-se pelos 38% em 2020 e 32% em 2021), e níveis de deposição em aterro ainda muito elevados (meta para 2020 era de 35%, mas Portugal chegou a 53% em 2020 e 2021). O impacto da pandemia poderá ajudar a explicar, em parte, o retrocesso que se tem verificado.

Apesar de Portugal ter falhado as metas para 2020, e de estar muito distante de as atingir, os objectivos futuros são ainda mais exigentes. A preparação para reutilização e reciclagem deverá subir progressivamente até 65% em 2035 (55% em 2025 e 60% em 2030) e em 2035 a quantidade de resíduos urbanos depositados em aterro deve ser, no máximo, 10% do total de resíduos urbanos produzidos. Será necessário um enorme esforço para recuperar do atraso que Portugal apresenta nesta matéria e, para que tal aconteça, será imperativa uma maior vontade política das entidades governativas.

Apesar destes números já serem bastante preocupantes, a realidade poderá ser ainda pior. Recentemente o Ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, reconheceu uma discrepância de valores, de 2019, quanto à preparação para reutilização e reciclagem (42% dos relatórios da APA vs. 19% inscritos no PERSU 2030), resultado da aplicação de uma “métrica mais exigente”, e que demonstra que apenas está a ser declarada uma pequena parte do lixo realmente existente.