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2022-10-06

Por +Factos

Evolução dos tempos de espera para cirurgias no SNS

 A saúde e o SNS têm sido tema de destaque em Portugal nos últimos meses, alvo de crítica por vários sectores políticos e da sociedade, tendo provocado a demissão da ministra da saúde, Marta Temido. A ministra viu-se a braços com uma série de polémicas, com urgências fechadas, falta de médicos nos hospitais, adiamento de consultas e exames, demoras na resposta de emergência do INEM e casos de mulheres grávidas que sofreram complicações devido à incapacidade do SNS em dar resposta às solicitações.

A evolução da capacidade de resposta do SNS ao longo da última década tem sido preocupante. A percentagem de pacientes que esperam mais de 3 meses entre a avaliação clínica feita pelo especialista e o respectivo tratamento, disparou em todas as áreas para as quais a OCDE tem dados disponíveis para Portugal. A título de exemplo, no tratamento das cataratas, em 2021, a percentagem de pacientes que esperavam mais de 3 meses entre a avaliação clínica feita pelo especialista e o respectivo tratamento era de 49% (em 2010 era de 28%). No caso das cirurgias ao joelho, a percentagem subiu de 63% para 76%, nas cirurgias à anca subiu de 43% para 59%, na colocação de bypass coronário (uma área clínica que exige maior urgência) passou de 7% para 20%, etc.

Outro aspecto que é muito interessante constatar, é que a percentagem de pacientes que esperam mais de 3 meses entre a avaliação clínica feita pelo especialista e o respectivo tratamento baixou entre 2019 e 2021. A explicação estará no impacto que a pandemia de Covid-19 teve no adiamento de consultas e exames de diagnóstico, bem como na quebra na referenciação nos cuidados de saúde primários, que levou à redução do número de novas entradas para as listas de espera durante o período pandémico.

A pandemia de Covid-19 teve um impacto tremendo na saúde em Portugal, principalmente no ano de 2020, uma vez que foram adiadas milhares de consultas (consultas presencias baixaram 39% em 2020 face a 2019) e exames (quebra de 19%), que se vêm a refletir na redução das listas de espera para cirurgia.Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, realça que “em 2020, o ano em que mais doentes ficaram para trás, as listas de espera para cirurgia diminuíram. Porquê? Porque cerca de 30% a 50% dos doentes nem sequer entraram no sistema, ou seja, os hospitais tiveram uma quebra na referenciação nos cuidados de saúde primários”.

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