Impacto da subida da taxa Euribor nas prestações do crédito à habitação

Com o previsível aumento da Euribor a seis meses para 1%, em 2022, após sete anos em terreno negativo, a factura do crédito da casa (para quem tem créditos à habitação de taxa variável e, portanto, indexados à taxa Euribor) é agravada significativamente.

O Banco Central Europeu (BCE) está cada vez mais perto de subir os juros para controlar a inflação (em Julho haverá uma subida de 0,25 pontos percentuais base nas taxas de referência de juro, que não subiam há 11 anos), mas no mercado esta mudança no ciclo da política monetária já é visível. As taxas que são utilizadas pela maioria dos portugueses no financiamento para a compra de casa já estão em terreno positivo (taxa Euribor a 6 meses situa-se actualmente ligeiramente acima de 0,2%) e a perspectiva é de que continuem a subir, fazendo aumentar as prestações que as famílias pagam ao banco.

A título de exemplo, uma família com um crédito à habitação de 150 mil euros a 360 meses e com spread de 1%, pagava, em Janeiro de 2022, 446€ euros mensais (considerando a Euribor a -0,53%). Caso a Euribor atinja a barreira de 1%, e seja essa a taxa que se reflecte no crédito à habitação após a revisão semestral, a prestação mensal desta família sobe para 554€ mensais, mais 108€ mensais ou 1.299€ anuais. É o equivalente a pagar mais 3 prestações mensais ao longo do ano.

Em Portugal, segundo a OCDE, cerca de 70% dos empréstimos contratados pelas famílias são indexados a taxas de juro variáveis. A organização considera “altamente provável”, a partir de agora, num contexto garantido de subida rápida das taxas de juro, que haja um elevado número de famílias portuguesas a entrar em incumprimento.