Interesse pela Política vs. nível de rendimentos

As elevadas taxas de abstenção denotam um potencial baixo interesse pela política, por parte dos eleitores, e afastamento relativamente aos partidos. Nas últimas eleições legislativas, em 2022, a taxa de abstenção foi de quase 50%, o que coloca Portugal entre os países europeus com menor participação em eleições legislativas.

Há vários fatores que contribuem para esta realidade, sendo um deles o nível de rendimentos. De acordo com dados do European Social Survey, a privação económica afeta muito o interesse pela política em Portugal. Em 2020, entre a população mais pobre, pertencente ao 1.º quintil de rendimentos, 8 em cada 10 pessoas não manifestavam, ou manifestavam pouco, interesse pela política. Entre a população mais rica, pertencente ao último quintil de rendimentos, esse valor reduz-se para 3 pessoas.

Estes dados parecem indicar que a reduzida participação política em Portugal se deve, em parte, às carências socio-económicas da população, sobretudo daqueles que têm menores rendimentos. Esta desigualdade na participação política reduz a representatividade dessa parte da população e, consequentemente, compromete a qualidade da democracia como um todo.

Apesar de tudo, entre 2008 e 2020, verificou-se um aumento do interesse pela política em todos os quintis de rendimento em Portugal.