2022-05-07
Por +Factos
🇵🇹 Portugal é um país com fortes desigualdades regionais e muito centralista, onde quase todos os principais organismos públicos e órgãos de decisão política estão concentrados na capital, bem como as maiores empresas e grande parte do investimento público e privado.
Apesar de alguma discussão pública em torno da (das)centralização do país, não se têm verificado alterações estruturais que invertam a tendência de cada vez maior centralização do país.
Ao comparar o PIB per capita (em paridades de poder de compra) das regiões portuguesas (NUTS II), percebe-se rapidamente a dimensão deste desequilíbrio, uma vez que, tendo em conta a dimensão do nosso país, se verificam diferenças muito significativas. A Área Metropolitana de Lisboa apresentava, em 2019, um PIB per capita superior à média da União Europeia (102%) e equiparável ao francês, ao passo que as restantes regiões do país apresentavam PIB's per capita muito inferiores e que se comparam com os países mais pobres da UE. O PIB per capita do Algarve representava 88% da média da UE e aproxima-se do PIB per capita espanhol. As restantes regiões apresentavam um PIB per capita entre 67% e 76% da média da UE, que se equipara ao de países como a Polónia, a Eslováquia, a Hungria, a Roménia ou a Croácia. A riqueza gerada em Portugal por habitante era, em 2019, cerca de 79% da média da União Europeia, mas caiu para 74% em 2021, em grande medida devido ao impacto da pandemia.
Este desequilíbrio entre Lisboa e o resto do país limita o crescimento nacional como um todo e de forma sustentável. A análise económica expressa, todavia, apenas parte da realidade, tendo vindo a acentuar-se o fosso entre o litoral e o interior, com consequências também na perda acentuada de população da generalidade dos municípios desta área, especialmente a favor das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto.
Nota: optou-se pela utilização de dados de 2019 para evitar as distorções do impacto da pandemia nas regiões mais dependentes do turismo (por exemplo, o PIB per capita do Algarve era de 88% face à média da UE em 2019 e passou para 78%, menos 10 pp, em 2020; ainda não existem dados de 2021).
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