2023-03-25
Por +Factos
Muito se tem discutido sobre o que estará a causar as elevadas taxas de inflação que se têm registado. As culpas são normalmente atribuídas à guerra na Ucrânia, aos problemas nas cadeias de abastecimento, à rápida retoma económica pós-pandemia ou até à especulação.
Algo que normalmente não é discutido é a actuação dos Bancos Centrais (BC), sendo que estes são os principais responsáveis pela manutenção da estabilidade de preços. Uma subida generalizada e continuada dos preços tende a estar essencialmente relacionada com a quantidade de dinheiro que existe em circulação e que é influenciada pelas políticas seguidas pelos BC.
De uma forma simples, o aumento da quantidade de moeda em circulação faz com que as pessoas tenham imediatamente mais moeda em mãos, e não tendo mais incentivos para aplicar esse dinheiro devido às baixas taxas de juro, aumentam o seu consumo. Por outras palavras, a procura aumenta para os bens e serviços numa determinada economia, porém a oferta (capacidade de produção) continua a mesma. O resultado é um aumento generalizado dos preços, ou seja, inflação.
Os BC têm diversos instrumentos para aumentar a quantidade de moeda em circulação, nomeadamente através da redução das taxas de juro, da compra de activos financeiros ou da concessão de empréstimos aos bancos em condições favoráveis. Nos balanços da Reserva Federal e do BCE, é bem visível o impacto de alguns destes instrumentos. O valor dos activos detidos pela Reserva Federal mais do que duplicou entre Fevereiro de 2020 e Janeiro de 2023, sendo que no caso do BCE o aumento foi de 68%.
Tanto o BCE como a Reserva Federal aumentaram em larga escala a quantidade de moeda em circulação, fomentando pressões inflacionistas que acabaram por se fazer sentir a partir de meados de 2021 e que se agravaram fortemente em 2022. Apenas no período da pandemia e pós-pandemia, a quantidade de moeda em circulação (stock do agregado M2) aumentou 40% nos EUA (entre Fev. 2020 e Mar. 2022, onde se registou o pico de moeda em circulação) e 24% na Zona Euro (entre Fev. 2020 e Set. 2022).
Desde Janeiro de 2000, a quantidade de moeda em circulação (stock do agregado M2) aumentou 3,7 vezes na Zona Euro e 4,5 vezes nos EUA.
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