Variação do preço dos bens alimentares ao longo da cadeia de produção (2020 -2022)

🛒 Perante o aumento de preços dos produtos alimentares nas prateleiras dos supermercados, o Ministro da Economia anunciou um plano de fiscalização e acompanhamento do preço dos alimentos, garantindo que o Governo será inflexível com "situações anómalas" nos preços destes bens.

A taxa de inflação tem atingido valores que já não se registavam há várias décadas, sendo que nos bens alimentares a subida dos preços tem sido ainda mais pronunciada. Em Dezembro de 2022, face a igual período de 2021, a taxa de inflação nos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas foi de 23,4%. Grande parte deste crescimento dos preços ocorreu em 2022 (cerca de 88%).

Mas será que este aumento de preços junto do consumidor se deve ao aumento das margens de lucro das empresas de distribuição alimentar? Na verdade, os preços até têm subido mais na produção de produtos agrícolas (índice de preços de produtos agrícolas no produtor cresceu 40% em Dezembro de 2022 face a igual período de 2020) e na produção industrial de bens alimentares (índice de preços na produção industrial – indústrias alimentares - cresceu 46%).

Este aumento de preços na produção deve-se, sobretudo, à escalada dos custos dos meios de produção (custo da energia, adubos, fertilizantes, ração, etc.), que teve uma forte subida ainda antes do início da guerra na Ucrânia. Em Dezembro de 2022, o índice de preços dos meios de produção na agricultura (bens e serviços de consumo corrente) tinha crescido cerca de 51% face ao período homólogo em 2020, mas boa parte da subida ocorreu ainda em 2021 (65% da subida). Este aumento de preços viria a transmitir-se à restante cadeia de produção e distribuição em 2022.